Psicologia Analítica

Os textos aqui inseridos constituem uma breve abordagem dos conceitos fundamentais da Psicologia Analítica, ilustrados com cenários de Sandplay, uma metodologia é embasada na Psicologia Analítica.

São igualmente apresentados e descritos alguns cenários, com o propósito de revelar, de forma pedagógica, como os símbolos que representam os principais arquétipos referentes à estruturação da personalidade, descritos por Jung, aparecem nos cenários realizados na caixa de areia.

Ao apresentar os cenários não será feito um estudo profundo de todos os símbolos neles presentes, dado que o objetivo desta exposição é apenas focar o conceito que está sendo tratado.

CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA PSICOLOGIA ANALÍTICA

“Psique” termo de origem grega, indica o “sopro” que torna vivo um corpo, que o anima. Platão traduziu-o por “alma”. No séc XIX, com o advento da Psicologia Científica, passou-se a usar mais o termo “psique” do que “alma”, por suas implicações transcendentes, ainda que na Psicologia Analítica ainda sejam ambos usados. A psique, essencialmente simbólica, reúne todos os aspectos da personalidade, os sentimentos, pensamentos e comportamentos, tanto conscientes como inconscientes; sua função consiste em harmonizar e regular internamente o indivíduo, orientando-o para o convívio social, além do que ela tem uma função teleológica ou seja, ela sempre possui um objetivo e direciona o indivíduo para a realização de um propósito relacionado a essência de cada um.

Segundo Jung, ao nascer cada um já traz consigo uma essência, a qual precisará se tornar consciente, desenvolver-se e atuar no mundo de maneira integrada e harmônica. Porém, quando tal não acontece, a pessoa se distancia de si própria, criando doenças físicas ou psíquicas, que geram conflitos e desavenças.

A psique é constituída por diferentes partes, que interagem: a consciência, o inconsciente pessoal e o inconsciente coletivo, o qual Jung descobriu ao estudar os complexos.

A consciência é definida como a parte da personalidade da qual temos conhecimento. O inconsciente, referente a tudo que desconhecemos em nossa psique, é formado por duas partes: inconsciente pessoal e inconsciente coletivo.

O inconsciente pessoal reporta-se às camadas mais superficiais do inconsciente, onde se escondem as experiências rejeitados pelo “eu” e, consequentemente, reprimidas ou desconsideradas, *como lembranças penosas, conflitos pessoais ou morais. Ali estão igualmente ocultos inúmeros traços de nossa personalidade que nos desagradam e, por tal, são por nós ignorados.

Os conteúdos do inconsciente pessoal, via de regra, têm fácil acesso à consciência, quando tal se faz necessário.

Ele encerra também os complexos, aglomerados de sentimentos, pensamentos e lembranças carregados de forte potencial afetivo, incompatíveis com a atitude consciente. Eles retêm a energia psíquica, não a deixando fluir. Qualquer experiência que tocar os complexos provocará uma reação exacerbada, com força própria, que pode atuar de modo impetuoso e veemente no controle de nossos pensamentos e comportamentos. São como pequenas personalidades autônomas, separadas da personalidade total, razão pela qual se diz que “uma pessoa não tem um complexo, mas este é que a tem”. Apenas os outros o percebem.

Embora a energia psíquica aprisionada possa gerar sintomas de caráter patológico, por vezes representando um obstáculo ao ajustamento do indivíduo, o complexo não é necessariamente patológico, podendo até vir a ser uma fonte de inspiração, numa manifestação artística, por exemplo.

O Símbolo, termo de origem grega, (Symbolon, colocar junto), segundo Jung, é uma produção espontânea da psique, podendo ser de natureza pessoal ou coletiva, comum a toda a humanidade, ou característico de uma determinada cultura. Possui características atemporais, é inesgotável, vivo, multidimensional. Quando um símbolo traz à consciência conteúdos arquetípicos, gera profundas transformações na psique do indivíduo, proporcionando-lhe um mergulho interno rumo ao autoconhecimento.

O inconsciente expressa-se por meio de símbolos, dos quais nosso mundo interior está repleto, e que se manifestam sob a forma de imagens, tendo a função de integrar conteúdos conscientes, vividos, com conteúdos inconscientes. O símbolo é uma manifestação do Arquétipo (* a possibilidade inata de representação * que dirige a atividade imaginativa do ser humano) e permite a evolução do homem no plano da consciência, ao revelar-lhe seu estado psíquico.

Rompendo com a noção de que tanto a mente consciente como a inconsciente eram originárias da experiência, Jung demonstrou que a evolução e a hereditariedade determinam a linha de ação da psique, assim como o fazem com o corpo físico. A mente, através de seu mediador, o cérebro, herda as características que determinam de que forma uma pessoa reagirá às experiências de vida, configurando-a previamente pela evolução. O homem está ligado ao seu passado pessoal, ao passado de sua espécie e à longa cadeia da evolução orgânica.

O inconsciente coletivo é o depósito das “imagens primordiais”, que nos remetem ao mais primitivo desenvolvimento da psique.

Essas imagens, herdadas de nossos ancestrais — nossos antecessores humanos, pré-humanos e animais — são predisposições ou potencialidades no experimentar e no responder ao mundo, comportamentos, reações e memórias inconscientes que carregamos do passado, como um elo que nos liga a nossos mais remotos antepassados.

Os conteúdos do inconsciente coletivo ativam padrões pré-formados de comportamento pessoal, determinantes de certos traços de personalidade inatos. Como exemplo ilustrativo deste fato, temos a “imagem primordial” de “Mãe”, que um bebê reconhecerá ao ter a percepção de sua mãe verdadeira, a ela reagindo.

Os conteúdos do inconsciente coletivo são denominados arquétipos, definidos como “formas sem conteúdo que representam apenas uma possibilidade de percepção e ação” (CWJung IX/1,§48). São universais – todos herdamos as mesmas imagens arquetípicas básicas, que serão preenchidas por nossa experiência consciente.

Assim que o bebê toma contato com a figura materna, a imagem pré-formada de “mãe” é amplificada, sendo agora definida pela aparência e comportamento da mãe verdadeira e pelas experiências que terá com ela ao longo da vida.

O arquétipo é o núcleo do complexo. Ele atrai para si experiências significativas, a fim de formar o complexo, tornando-se suficientemente forte para constituir o centro de um complexo bem desenvolvido, e assim poder se expressar na consciência e através do comportamento.

Existe um número inimaginável de arquétipos: pai, mãe, herói, criança, Deus, demônio, nascimento, morte, renascimento, sábio, embusteiro, sol, lua.

Quando um indivíduo inicia um processo de análise, a energia aprisionada em um determinado complexo, gerando sintomas, será liberada e posteriormente direcionada para o Si-mesmo, o centro e a totalidade do que somos, a nossa essência, o centro da nossa personalidade. Desta forma, o complexo do “eu”, o mediador entre o inconsciente e o consciente, e entre nós e o mundo que nos rodeia, poderá servir com respeito e fidelidade o Si mesmo, cuja visão é infinitamente maior do que a limitada visão do “eu”.

O “eu”, ou ego, é um termo usado por Jung para representar o complexo que constitui o centro da consciência. Ele compreende toda a consciência que um indivíduo tem de si, suas qualidades e características relacionadas ao contexto social a que pertence, sua personalidade total.

O “eu” é uma função mediadora entre o consciente e o inconsciente, entre o individual e o coletivo. É ele que organiza a mente consciente por meio das percepções conscientes: pensamentos, sentimentos e recordações, e tem a função de vigiar a consciência, filtrando as experiências do dia-a-dia, selecionando quais se tornarão conscientes e quais serão relegadas ao inconsciente.

Como consequência desta seleção e eliminação da consciência, que será comandada pela função psíquica dominante do sujeito, o “eu” dá identidade e coerência à personalidade.

O “eu” contém tudo aquilo que o sujeito sabe de si próprio, ou seja, todas as características por ele aceitas: aquelas que estão de acordo com os princípios, os ideais e os valores do contexto social em que o próprio sujeito se reconhece.

Cenário que mostra a busca da estruturação do “eu”:

Neste cenário, o analisando deixou marcadas na areia suas mãos, que representam sua identidade. As malas ao lado do indivíduo localizado no centro da caixa, no qual o paciente projetou a sua personalidade, representam os potenciais e pertences do “eu”. Do lado direito do cenário (lado relacionado à consciência), há um computador, o qual registra e armazena todas as informações vividas e o auxilia a buscar soluções. O relógio remete-nos ao tempo, que é uma característica essencialmente da consciência. No lado esquerdo superior do cenário vemos um telefone, um possível símbolo da tentativa de comunicação entre o inconsciente e a consciência, objetivando à estruturação da personalidade. O totem, em frente ao qual o homem se encontra, é considerado um guardião pessoal e está igualmente relacionado à aquisição da identidade.

A Personalidade refere-se a aspectos da alma, ao modo como ela funciona no mundo. (Ver também individualidade). Para o seu desenvolvimento é essencial a diferenciação dos valores coletivos, particularmente daqueles personificados pela “persona” e a ela incorporados.

Uma mudança de meio pode gerar alterações marcantes e surpreendentes na personalidade. O caráter social orienta-se, por um lado, pelas expectativas e exigências da sociedade e, por outro lado, pelas metas e aspirações sociais do indivíduo.

A Individualidade pode ser definida como o conjunto de qualidades ou características que distinguem uma pessoa da outra, suas peculiaridades e singularidades (ver também personalidade.). Sendo inconscientes à priori, elas passam a existir para o indivíduo apenas no momento em que emergem para a consciência, num processo de diferenciação, ou individuação, que traz para a consciência as suas peculiaridades, aquilo que o faz aperceber-se de que é único.

Na psique indiferenciada, a individualidade está subjetivamente identificada com a “persona” mas, na realidade, é possuída por um aspecto interior e não reconhecida pelo indivíduo. Em tais casos, a individualidade de uma pessoa é comumente experimentada em outra, através da projeção.

A personalidade é composta por duas atitudes — introvertida e extrovertida — e por 4 funções psíquicas: Pensamento e Sentimento, consideradas funções racionais, e Sensação e Intuição, as funções irracionais. Estas funções podem ser vividas pelo indivíduo de maneira consciente ou inconsciente.

As Atitudes: Introversão e Extroversão

As atitudes são estruturais na personalidade do indivíduo, ou seja, não mudam no decorrer da vida.
Os introvertidos possuem sua consciência voltada para o seu mundo interior, para os seus pensamentos e sentimentos, sendo mais reflexivos e introspectivos. Podem desenvolver dificuldades de contato com o meio externo.

Os extrovertidos possuem sua consciência voltada para o mundo exterior, para o ambiente e para as outras pessoas, desenvolvendo a sociabilidade. Podem afastar-se de seus processos internos e valorizar mais os pontos de vista e concepções alheios do que os próprios.

As funções psíquicas : Pensamento, Sentimento, Sensação, Intuição.

Elas podem ser experimentadas tanto de maneira extrovertida como introvertida, dependendo da atitude do indivíduo. A função que ocupa predominantemente a consciência de um indivíduo irá caracterizar a sua personalidade enquanto sua função oposta ficará no inconsciente. Espera-se que, com o desenvolvimento psíquico da pessoa, aos poucos ela vá tomando consciência e desenvolvendo a função que está mais inconsciente, equilibrando as 4 funções em sua personalidade, tornando-se assim uma pessoa mais flexível, com mais recursos, profundidade e com capacidade de ver os outros e as situações de diferentes maneiras.

  • Pensamento – Sentimento: possibilidades de planejar, ordenar e operar julgamentos.
  • Sensação – Intuição: maneiras de assimilar e apropriar-se das informações.
  • Pensamento: as pessoas nas quais predomina esta tipologia são mais reflexivas, racionais, planejadoras, julgam as situações a partir de critérios objetivos, lógicos e impessoais. Defendem fortemente suas teorias.
  • Sentimento: a avaliação das situações, para as pessoas que possuem esta função psíquica na consciência, ocorre através da emoção. São pessoas mais abstratas, sentimentais, cujos valores se estabelecem a partir dos critérios bom, mau, certo, errado, conforme sentem que uma situação é agradável ou desagradável.
  • Sensação: esta função está associada à percepção direta que a pessoa tem do ambiente e de fatos concretos através dos órgãos dos sentidos (visão, audição, olfato, tato, paladar). Os tipos sensação são detalhistas e observadores.
  • Intuição: é uma maneira de validar e de relacionar as experiências atuais através da vivência de experiências passadas e possibilidades futuras. Ela manifesta-se de maneira inconsciente, sem que muitas vezes o indivíduo consiga explicar concretamente suas conclusões, que chegam à consciência como pressentimentos ou impressões, visto que as informações se processam muito rapidamente. Para os tipos intuitivos é mais importante o lado subjetivo e simbólico da experiência do que o fato em si.
  • Alguns arquétipospersona, anima e animus, sombra e Si-mesmo — desempenham papéis fundamentais na formação de nossa personalidade e de nosso comportamento.

“PERSONA”

A palavra persona é derivada do verbo “personare”, ou “soar através de”. No teatro grego era o nome da máscara que os atores usavam para lhes dar a aparência que o papel exigia, assim como amplificar sua voz para que fosse ouvida pelos espectadores.

Na Psicologia Analítica, a “persona” indica um aspecto da personalidade, mais exatamente a imagem que o indivíduo mostra externamente, a forma como deseja ser visto, em sua relação com o mundo, ou relativamente ao status social que deseja que lhe seja atribuído. Refere-se também à adaptação do indivíduo ao coletivo, à atitude que assume como resposta aos outros e às situações, para adaptar-se ao ambiente e sobre ele agir, assim como a seus comportamentos convencionais, enquanto pertencente a determinado grupo social.

A “persona” é o invólucro das modalidades expressivas, dos pensamentos e sentimentos do indivíduo na relação que mantém com os estereótipos da psique coletiva, consciente e inconsciente. É a mediação entre a individualidade e a exigência da cultura, motivo pelo qual a pessoa necessita de máscaras para representar seus diversos papéis sociais. Assim, a “persona” é aquilo que os outros pensam que somos.

A despeito de ser vivenciada como individualidade, ela possui muito pouco caráter individual, pois trata-se na verdade de uma identidade social, de uma imagem idealizada, que apenas deixará de sê-lo após ter se diferenciado do “eu”.

Quando tal acontece, desprovidos da mascara, descobrimos que a persona nada tem de real, é apenas um nome, um título, que desempenha uma função.

O mundo exterior convida a uma identificação com ela. Dinheiro, respeito e poder são a conquista daqueles que podem desempenhar bem e de modo consistente um papel social. De conveniência útil, a “persona” pode, por isso, passar a cilada e fonte de neurose.

Quando acontece da pessoa se identificar com a persona, seu mundo torna-se empobrecido, pois o indivíduo é incapaz de entrar em contato com sua vida interior e com as múltiplas facetas da personalidade , porém ao tomar consciência da mesma, a pessoa consegue se desidentificar, podendo assim entrar em contato com outros aspectos próprios como a anima, animus e o Si-mesmo tornando assim a personalidade mais rica e desenvolvida.

Cenário que ilustra aspectos da “persona


Este cenário remete-nos à esfera social, possui símbolos referentes a status, a desejos de consumo, como revela a mulher que se encontra no centro da caixa, segurando um espelho e tendo outro à sua frente, além estar rodeada de roupas e inúmeros objetos coloridos. No canto superior direito foi colocada outra mulher, com uma sacola de compras na mão, acenando para pegar um taxi; no lado esquerdo superior, Marilyn Monroe apresenta-se num palco.

Anima e animus

Anima e animus, derivados do termo latino Anima (Alma), referem-se à imagem da alma de um indivíduo, respectivamente masculina ou feminina.

São pólos de manifestação da mesma dinâmica arquetípica, que rege as relações entre o “Eu” e o “Não-Eu”, isto é, as relações com o mundo externo: os Outros.

Jung não compreendia a anima como alma num sentido “teológico” ou “metafísico”. Utilizou estes termos como símbolos da característica contra-sexual de cada indivíduo, parte do princípio da complementaridade, através do qual a psique se move. São imagens psíquicas, configurações originárias de uma estrutura arquetípica básica, provenientes do inconsciente coletivo e subliminares à consciência, funcionando a partir da psique inconsciente, influindo sobre o principio psíquico dominante de um homem ou de uma mulher.

Segundo Jung, “A anima, sendo feminina, é a figura que compensa a consciência masculina. Na mulher, a figura compensadora é de caráter masculino, e pode ser designada pelo nome de animus” (Obras Completas C. G. Jung, Vol.VII, §328).

O animus e a anima são como parceiros invisíveis que podem ser conhecidos, ou não, do Eu do indivíduo.

A anima é formada pela projeção da psique do menino na mãe; o animus é formado pela projeção da filha no pai. Posteriormente, com o crescimento, espera-se que os filhos gradualmente retirem essas projeções das figuras parentais, transferindo-as para outras mulheres, no caso do homem, e outros homens, no caso das mulheres.

Quando estas imagens da alma (anima no homem e animus na mulher) são integradas à consciência do indivíduo, elas realmente tornam-se suas parceiras de desenvolvimento e de crescimento. Para o homem, uma anima integrada traz para sua personalidade sensibilidade, intuição, afetividade, paciência, flexibilidade; para a mulher, um animus integrado traz direcionamento, racionalidade, assertividade. Usa-se o termo “integrado”, pois é a união dos pares de opostos (masculino – feminino) na personalidade, ou seja, a pessoa adquire essas qualidades do seu parceiro invisível sem perder a qualidade da sua própria identidade sexual.

Porém, quando permanecem indiferenciadas e inconscientes, geram quadros clínicos de psicopatologias. Por exemplo: o homem projeta na sua namorada ou esposa sua imagem de anima, gerando uma série de conflitos conjugais, pois ele não estará se relacionando com a sua parceira realmente, mas com sua anima projetada, um aspecto dele próprio projetado. O mesmo pode ocorrer com a mulher. Desta forma, um parceiro nunca conseguirá corresponder às imagens da alma. Um indivíduo do sexo masculino nestas condições pode vir a ser possuído por este complexo, tendo reações indesejáveis, como crises nervosas, alterações repentinas de humor, tentativa de impor sua vontade a qualquer custo, sem racionalidade, além de apresentar angústia e medos afetivos; uma mulher pode também apresentar problemas relativos a sua afetividade, sendo racional demais, agressiva, impaciente, autoritária, obstinada.

A psicoterapia contribui para que o “eu” do indivíduo possa confrontar-se com a imagem da alma, perceber os conteúdos que está projetando, tomando consciência e ampliando-a, assim conhecendo-se melhor e ao outro e tornando-se capaz de se relacionar melhor com sua vida e com o mundo.

Cenários que revelam aspectos da “anima

Neste cenário vemos um homem observando diversas imagens de seres provenientes de lendas e contos de fadas, que representam características de sua anima. Seres que encantam por sua beleza, feminilidade e sensualidade. Do lado esquerdo do cenário, temos a imagem de uma sereia, símbolo da sensualidade, mas que não pode se relacionar pois, da cintura para baixo, esta bela mulher é um peixe. Em vários mitos e lendas ela aparece como aquela que encanta o homem e depois o devora. As fadas presentes no cenário representam a anima espiritual. Há também a imagem de uma ave, neste caso um cisne, símbolo de pureza e luz, na qual a anima pode se metamorfosear.

Este cenário mandálico mostra um homem em seu centro, diante de diferentes caminhos que o levam a quatro níveis diferentes de anima, conforme descrito por Jung. Uma das trilhas conduz a uma mãe com um bebê no colo, simbolizando Eva, a primeira mulher descrita na Bíblia, no livro do Gênesis. Ela representa o arquétipo da mãe, está conectada com a terra e tem como função gerar e ser companheira de um homem. Um outro caminho leva a uma mulher executiva, que podemos relacionar a Helena, na mitologia grega descrita como a mais bela das mulheres, que desencadeou a guerra de Tróia. Esta mulher é capaz de se relacionar mais facilmente com o homem, se identificar com valores masculinos e relacionar-se de maneira independente. O terceiro caminho termina em Maria, a qual simboliza o lado espiritual do feminino, mãe sagrada cheia de amor, que impede o homem de ter um contato concreto com a mulher. A última trilha chega até uma mulher vestida com uma beca e segurando um diploma nas mãos. Podemos associá-la a Sofia, que simboliza a sabedoria, a consciência, o que a torna uma possibilidade humana a se conquistar.

Cenário que mostra aspectos de “animus

Observamos, no centro deste cenário, uma mulher sentada em uma cadeira, em frente a um júri. No seu lado esquerdo,uma ponte conduz ao príncipe encantado. A manifestação do animus pode aparecer como plural, um grupo, como vemos, neste cenário, representado pelo júri. A ponte que leva ao príncipe simboliza a possibilidade que tanto a anima como o animus têm de conduzir a pessoa à vivência do outro, mesmo que seja pela busca do príncipe encantado. Isto leva ao contato e à experiência com o inconsciente, como um outro dentro de si mesmo.

SOMBRA

“Todo homem tem uma sombra e, quanto menos ela se incorporar à sua vida consciente, mais escura e densa ela será. De todo modo, ela forma uma trava inconsciente que frustra nossas melhores intenções.” C.G.JUNG

A sombra é a parte mais escura e negada da personalidade e está associada aos comportamentos, sentimentos e fantasias proibidos, sendo por isso a parte inferior e indiferenciada da consciência. Portanto, ela é uma unidade complexa dotada de vitalidade autônoma que é fundamentalmente o negativo de cada indivíduo.

Todo ser humano tem um lado sombrio que começa a se desenvolver na infância como consequência da repressão ou da negação de sentimentos indesejáveis. Percebemos a nossa sombra quando sentimos inexplicavelmente rancor, antipatia por alguém, ou quando descobrimos em nós algo inadmissível, ou mesmo quando nos sentimos influenciados pelo ciúme ou vergonha.

Ao longo do processo de individuação desenvolvemos um relacionamento gradual com a sombra, o que aumenta o nosso entendimento do “eu” e nos permite atingir um equilíbrio entre a unilateralidade dos nossos propósitos e modos de proceder conscientes e as nossas profundezas inconscientes.

Jung afirmou que, se mantivermos um relacionamento adequado com o nosso inconsciente, ele nos auxiliará na nossa direção de vida; porém, ele pode tornar-se perigoso quando a atenção consciente que lhe dedicamos for muito errada, ou nenhuma.

Segundo Jung, “Todo indivíduo é acompanhado por uma sombra, e quanto menos ela estiver incorporada à sua vida consciente, tanto mais escura e espessa ela se tornará (…). Se as tendências reprimidas da sombra fossem totalmente más, não haveria qualquer problema. Mas, de um modo geral, a sombra é simplesmente vulgar, primitiva, inadequada e incômoda, e não de uma malignidade absoluta. Ela contém qualidades infantis e primitivas que, de algum modo, poderiam vivificar e embelezar a existência humana; mas o homem se choca contra as regras consagradas pela tradição.” JUNG, Vol. XI, Apud PIERI, P.F., Dicionário Junguiano.

Segundo o dicionário Junguiano, a sombra exprime o lado não aceito da personalidade, assim como se constituiu, ela constitui, por um lado, o conjunto de tendências, características, atitudes e desejos inaceitáveis em relação ao complexo do “eu”; por outro, ela é o conjunto das funções indiferenciadas ou fracamente diferenciadas em relação às funções psíquicas. Daí a expressão “sombra do eu”, que indica especificamente o conjunto de modalidades e possibilidades de existência reconhecidas pelo sujeito como não próprias, seja enquanto negativas ou não-valores em relação a valores já codificados na consciência: considera-se que tais elementos fiquem alienados de si para defender e, ao mesmo tempo, constituir a própria identidade, embora com o risco de parar indefinidamente o devir da pessoa humana.

Neste sentido a experiência da sombra é experiência da definição de si e do limite que, enquanto tal, constitui a atual identidade do sujeito.

Segundo o Dicionário Junguiano (2002); durante o trabalho analítico (análise), é possível divisar diferentes aspectos da sombra, expostos a seguir:

  1. A projeção da sombra – alienação do sujeito em relação aos próprios conteúdos psíquicos negativos, considerados penosos e incompatíveis, e incorporação dos mesmos no “outro”. Tal dinâmica é posta como explicação das antipatias e idiossincrasias que nascem em cada sujeito, ao atribuir ao “outro” aquilo que existe de sombrio na própria personalidade;
  2. A identificação com a sombra – o sujeito assume os próprios conteúdos negativos, razão pela qual adota todas as suas características. A energia psíquica dinamiza apenas os conteúdos negativos, por essa razão é considerada como ainda não elaborada sob forma de autocrítica;
  3. A cisão da sombra – refere-se à vida autônoma, que ocorre dentro da psique, dos conteúdos rejeitados, de qualquer forma, pelo complexo do “eu”, motivo pelo qual eles provocam, por um lado, bruscas mudanças de personalidade, e por outro a alternância de personalidades diferentes;
  4. A diferenciação da sombra – nesta etapa, há a distinção e o desenvolvimento dos conteúdos psíquicos negativos, a fim de que possam entrar verdadeiramente em relação com os seus opostos;
  5. A integração da sombra – é o reconhecimento crítico e a aceitação, não apenas intelectual dos aspectos negativos da própria personalidade. Sendo estes realizados por parte do “eu”, restituem-lhe a energia psíquica, de tipo cognitivo e afetivo, que antes residia isoladamente nos conteúdos psíquicos.

Deepak Chopra no livro “O efeito sombra” p.106 e 107; nos traz otimismo dizendo que: “A força da evolução é infinitamente maior que os obstáculos que impedem o caminho”, ele nos ensina uma maneira de lidarmos com a nossa sombra:

  1. Reconheça sua sombra quando ela trouxer negatividade para sua vida
  2. Abrace e perdoe sua sombra. Transforme um obstáculo indesejado em seu aliado.
  3. Pergunte a si mesmo que condições estão dando origem à sombra: estresse, anonimato, permissão para causar danos, pressão dos colegas, passividade, condições desumanas, uma mentalidade “nós versus eles.”
  4. Compartilhe seus sentimentos com alguém em quem confie: um terapeuta, um amigo de confiança…
  5. Inclua um componente físico: trabalho corporal, liberação de energia, respiração de ioga, cura interativa.
  6. Para mudar o coletivo, mude a si mesmo – projetar e julgar “os outros” como malfeitores só aumenta o poder da sombra.
  7. Pratique a meditação, de modo a experimentar a consciência pura, que está além da sombra.

Cenário que mostra aspectos de “sombra”

Neste cenário vemos vários aspectos de sombra: símbolos de perda, figuras que geram medo, como zumbis, um fantasma, uma aranha, um esqueleto com uma foice na mão, representando a morte, uma árvore morta. No quadrante inferior direito vemos pessoas correndo assustadas, fugindo de todos estes aspectos sombrios; no quadrante superior direito vemos um homem encurralado por zumbis e um fantasma. Entre a árvore seca e os zumbis, na parte superior do cenário, um homem, todo encolhido, sente-se com medo e ameaçado.

Si-mesmo

O Si-mesmo é o arquétipo central da psique humana, o principio ordenador e unificador da totalidade da psique consciente e inconsciente, que atrai e harmoniza os demais arquétipos e suas atuações nos complexos e na consciência. Sendo a maior autoridade psíquica, atua como a fonte criadora e reguladora de nossa vida psíquica.

O Si-mesmo é a nossa essência.

Quando o arquétipo do Si-mesmo está conectado ao “eu” a pessoa sente-se em paz consigo mesma. O bloqueio ou rompimento desta ligação pode causar doenças físicas ou psíquicas, ou mesmo a desestruturação.

Todos buscamos, com maior ou menor grau de consciência, atingir um grau de desenvolvimento que nos permita ter um vislumbre de todo o nosso potencial, nossa completude, de tudo o que nos faz ser únicos e, ao mesmo tempo, parte integrante de um todo. Jung chamou a esta busca, inerente a todo o ser humano, deindividuação. Para alcançá-la, um indivíduo precisa diferenciar e integrar todas as instâncias psíquicas: “eu”, persona, anima ou animus e sombra, em relação ao Si-mesmo e ao coletivo, atingindo assim um desenvolvimento espiritual e coletivo. A meta final de qualquer indivíduo é chegar a um estado de auto-realização e de profundo conhecimento do próprio “eu”.

Alcançar a auto-realização depende da cooperação e estruturação do “eu”, pois depois de um longo processo de transformações internas impõe-se o sacrifício do “eu”, que reconhece sua posição subordinada e está preparado para servir à totalidade — o Si-mesmo.

Cenário que revela aspectos do “Si-mesmo”

Este é um cenário muito bonito, que simboliza a constelação do Si-mesmo. Vemos no quadrante inferior esquerdo um castelo, símbolo de segurança, proteção e transcendência, do qual sai uma ponte que conduz a uma montanha espiralada, igualmente um símbolo da transcendência e do funcionamento psíquico, este representado pela espiral. O grupo de pessoas subindo a montanha, em direção ao topo, sinaliza a integração do animus da paciente; o casal já no topo, admirando um anjo, símbolo do Si-mesmo, é a imagem da integração dos opostos. A carruagem fazendo o mesmo caminho ascendente é uma representação do “Eu”, ou ego, que precisa se permitir ser conduzido pela essência. Os cavalos que a puxam representam os instintos, já domados; o cocheiro, que conduz a carruagem para onde lhe apraz, personifica o Si-mesmo. No quadrante inferior esquerdo, as tartarugas são símbolos do universo: sua carapaça que representa uma cúpula, o céu, enquanto a parte de baixo, plana, simboliza a terra, portanto nela se concretiza a integração de ambos. No quadrante superior direito há árvores, símbolos da vida e da individualidade; no quadrante superior direito vemos 2 casais de patos, um sinal de união, força vital, harmonia.

Imaginação Ativa

A “imaginação ativa” é um método utilizado por Jung, primeiramente em si mesmo, para acessar e tentar desbravar o inconsciente. Após experimentá-lo, sistematizou-o com o objetivo de desenvolver a imaginação dos pacientes durante o processo terapêutico, a fim de acelerar os processos de formação de símbolos e de imagens individuais. Esta técnica é usada para explorar conteúdos inconscientes e trazê-los até a consciência, a fim de que o “eu” possa explorá-los e se desenvolver. Para se submeter um indivíduo a uma imaginação ativa é necessário que seu “eu” esteja estruturado e que ele se encontre no estado de vigília, isto é, consciente, e assuma uma postura flexível perante as imagens que surgem, observando-as sem qualquer julgamento ou censura, para que elas possam continuar aflorando.

O ideal é que a imagem venha de dentro da pessoa, de um sonho noturno, por exemplo, mas pode igualmente ser feita a partir de objetos externos, como quadros, fotos, livros, etc.

O processo estimula a produção de novas imagens, que são vivenciadas pelo indivíduo da maneira mais espontânea possível, tanto como parte integrante do cenário, como assumindo o papel de observador, vendo para onde elas conduzem, percebendo suas cores, sons, cheiros e personagens presentes. As imagens podem tornar-se uma revelação.

É interessante que a imaginação ativa seja feita primeiramente por meio de um terapeuta experiente, a quem cabe avaliar se a pessoa a se submeter ao método está apta a ter esta vivência, e conduzi-la pelo processo, do qual a trará de volta sem riscos, após uma experiência transformadora.

Função Transcendente

Jung define o processo da função transcendente no seu trabalho “Tipos Psicológicos”, §244, §549 e §550:

“A função psicológica e transcendente resulta da união dos conteúdos conscientes e inconscientes. A experiência no campo da Psicologia Analítica nos tem mostrado abundantemente que o consciente e o inconsciente raramente estão de acordo no que se refere a seus conteúdos e tendências. Esta falta de paralelismo, como nos ensina a experiência, não é meramente acidental ou sem propósito, mas se deve ao fato de que o inconsciente se comporta de maneira compensatória ou complementar em relação à consciência. Podemos inverter a formulação e dizer que a consciência se comporta de maneira compensatória com relação ao inconsciente. (…) A atividade do inconsciente faz emergir um conteúdo em que se patenteia, em idêntica medida, o influxo da tese e da antítese, e que, em relação a ambas, conduz-se com efeitos compensatórios. Desde o começo em que esse conteúdo mostra suas relações tanto com a tese como com a antítese, constitui uma base intermediária em que os contrastes se podem conjugar. (…) Em seu conjunto, dou ao processo que acabo de descrever o nome de Função Transcendente. Mas, neste caso, não entendo como função, uma função fundamental, mas o fato de que, em virtude dessa função, opera-se o trânsito entre uma e outra disposição. A matéria-prima trabalha pela tese e antítese que em seu processo de conformação realiza a conjugação dos contrários é o símbolo vivo.”

Nos cenário do Sandplay é comum a concretização de um diálogo entre os opostos, entre o inconsciente e a consciência, até que a função transcendente se instala e algo se transforma e se integra à personalidade do indivíduo.

O Sandplay contribui para que o paciente entre em contato com aspectos profundos da sua psique, tornando possível que o “eu” dialogue com o Si-mesmo, possibilitando assim que a pessoa faça as transformações necessárias para assumir a verdadeira direção de sua essência.

A caixa de Areia possibilita o confronto dos opostos e um local onde o paciente pode vivenciar suas fantasias, desejos e conflitos, sem riscos reais para a vida.

Cenário que revela a “função transcendente”:

Neste cenário vêem-se, no lado direito, figuras que representam a luz e, no lado esquerdo, figuras que representam a sombra, numa clara oposição. No centro há uma ponte que liga um oposto ao outro e, sobre ela, um unicórnio alado, que representa a função transcendente aqui constelada, transformando as trevas em luz. Com seu chifre único, ele representa a penetração do divino na criatura, a fecundidade. Para os alquimistas, é um símbolo de mercúrio, o retorno ao centro, à unidade, a transmutação interior que se efetua e refaz o eixo “eu”-Si-mesmo. Suas asas remetem-nos a Pégaso (cavalo alado), o qual se relaciona com a água, pois é filho de Poseidon, Deus dos mares, e Pégaso nasce da cabeça da Medusa, uma górgona, ambos da mitologia grega, uma mulher com cabelos de serpente e olhos capazes de petrificar quem a olhasse diretamente, portanto pertencente às trevas. Pégaso nasceu nas fontes do oceano quando o herói Perseu jogou a cabeça da Medusa ao mar. Pégaso simboliza ilimitada capacidade criativa.

Transferência e contratransferência

A transferência e a contratransferência são formas de projeção típicas da relação entre paciente e terapeuta. Podem assumir um caráter positivo, quando geram sentimentos de afeto e admiração, ou negativo, ao suscitarem agressividade e resistência, dependendo dos laços inconscientes e emocionais que emergem nesta relação.

Denominamos “Transferência”, as projeções relacionadas a reações emocionais do paciente, dirigidas ao analista. A “contratransferência” consiste no efeito que as manifestações, revelações e atitudes dos pacientes exercem no terapeuta, nele suscitando sensações, sentimentos e percepções. É um sinal de grande significação e valor para orientar o terapeuta no trabalho analítico.

Cenário que mostra a “relação transferencial”:

Os diversos médicos, um dos quais ortopedista e outros dois cirurgiões, todos em pleno exercício de sua profissão, a ambulância, e ainda o psicólogo conduzindo uma sessão de análise denotam a necessidade que o paciente tem de ser cuidado. O mesmo se pode afirmar em relação às figuras colocadas no quadrante superior esquerdo: um paciente deitado, ladeado por uma médica e um acompanhante, além de um cão da raça São Bernardo, conhecida por prestar socorro a pessoas machucadas ou perdidas nas montanhas geladas. No quadrante superior direito vemos um Xamã, curador da tribo, conduzindo um ritual de cura. Todos esses curadores, ou cuidadores, que aparecem no cenário, estão simbolizando a relação transferencial, aquilo que o paciente vê no analista, como se sente em relação a ele e o que dele espera: ajuda, socorro, acolhimento. No quadrante inferior esquerdo vemos uma mulher costurando, um coração que contém uma espiral e uma jovem que se aproxima da costureira. Esta cena é mais um exemplo de relação transferencial afetiva entre paciente e analista, e da função que o analista tem de “costurar” os fatos da história do paciente de maneira a lhes atribuir um sentido, proporcionando ao analisando a oportunidade de poder elaborá-los e integrá-los novamente em sua psique.

Sonhos

Os sonhos são manifestações do inconsciente e conectam os processos inconscientes à consciência por meio de símbolos, a forma como o inconsciente se revela, trazendo informações para a consciência.

Ao analisarmos um sonho, podemos ter uma idéia da força que pode estar equilibrando ou distorcendo pensamentos, sentimentos e a conduta do indivíduo.

Segundo Jung, “Se a pessoa é inconsciente a respeito de certas coisas que deviam ser conscientes, então está dissociada. Nesse caso, é um homem cuja mão esquerda nunca sabe o que a direita está fazendo e contraria ou atrapalha a mão direita. Ora, um homem nessas condições está impedido de agir.” EVANS, R.;1964.

A interpretação dos sonhos pode trazer novas perspectivas de vida, bem como estimular o analisando a levar novos sonhos para as sessões de análise, o que acrescenta inúmeros dados ao objetivo do terapeuta: obter um quadro completo da problemática que levou o paciente a procurá-lo. Desta forma, o inconsciente vai ditando a direção que o “eu” precisa tomar para atingir a transformação.

À medida que o “eu” presta atenção às mensagens vindas do inconsciente e dialoga com esses símbolos, o inconsciente transforma-se em um aliado, fornecendo informações preciosas para o desenvolvimento psíquico do indivíduo.

Individuação

A individuação consiste num processo que vai se desenvolvendo ao longo da vida, conduzindo cada pessoa à sua individualização, isto é, a reconhecer-se de tal forma que consiga se reconhecer como um ser único, diferenciado. Porém, tal objetivo só se concretiza na medida em que o “eu” permitir que as experiências se tornem conscientes.

Segundo Jung, todo indivíduo possui uma tendência para a Individuação, ou auto-desenvolvimento. Individuação significa tornar-se um ser único, homogêneo. Na medida em que por individualidade entendemos nossa singularidade mais íntima, última e incomparável, significa também que nos tornamos o nosso próprio si-mesmo.

Individuação é um processo de desenvolvimento da totalidade e, portanto, de movimento em direção a uma maior liberdade. Isto inclui o desenvolvimento do eixo “eu” – Si -mesmo, além da integração de várias partes da psique: “eu”, Persona, Sombra, Anima ou Animus e outros Arquétipos inconscientes. Quando se tornam individuados, esses Arquétipos expressam-se de maneiras mais sutis e complexas.
Quanto mais conscientes nos tornamos de nós mesmos, através do auto- conhecimento, tanto mais se reduzirá a camada do inconsciente pessoal que recobre o inconsciente coletivo, o que permite o surgimento de uma consciência livre do mundo mesquinho, suscetível e pessoal do “eu”, aberta para a livre participação de um mundo mais amplo de interesses objetivos.

Essa consciência ampliada não é mais aquele novelo egoísta de desejos, temores, esperanças e ambições de caráter pessoal, que sempre deve ser compensado ou corrigido por contra-tendências inconscientes; tornar-se-á uma função de relação com o mundo de objetos, colocando o indivíduo numa comunhão incondicional, obrigatória e indissolúvel com o mundo.

Do ponto de vista do “eu”, crescimento e desenvolvimento consistem na integração de material novo na consciência, o que inclui a aquisição de conhecimento a respeito do mundo e da própria pessoa. O crescimento, para o “eu”, é essencialmente a expansão do conhecimento consciente. Entretanto, Individuação é a verdadeira conexão com o Si-mesmo.

O primeiro passo no processo de Individuação é a conscientização da Persona. Embora esta tenha funções protetoras importantes, ela é também uma máscara que esconde o Si-mesmo e o inconsciente.
Ao analisarmos a Persona, dissolvemos a máscara e descobrimos que, aparentando ser individual, ela é de fato coletiva; em outras palavras, a Persona não passa de uma máscara da psique coletiva. No fundo, é apenas uma adequação às convenções sociais e, por tal, superficial, um mero artifício.

De certo modo, tais dados são reais mas, em relação à individualidade essencial da pessoa, representam algo de secundário, uma vez que resultam de um compromisso no qual o mundo externo acaba tendo um peso maior para o indivíduo que o seu mundo interno.

Portanto, o objetivo da análise não é acabar com a persona, visto que necessitamos dela para conviver em sociedade, mas levar o indivíduo a desenvolver uma persona flexível, consciente de suas atuações, equilibrando assim o mundo externo com o seu interior, com a sua essência.

O próximo passo é o confronto com a Sombra: ter a percepção de sua existência e, pouco a pouco, iluminar e trazer para a consciência todos os conteúdos ocultos, transformando-os e integrando-os à consciência, de modo a que não exerçam mais qualquer tipo de influência negativa. Só assim nos tornamos capazes de assimilar o valioso material do inconsciente pessoal que é organizado ao redor da Sombra.

O terceiro passo é o confronto com a Anima ou Animus. Este Arquétipo deve ser encarado como um parceiro invisível, como já foi explicado anteriormente, uma entidade com quem nos podemos comunicar e de quem podemos obter valioso aprendizado. Jung fazia perguntas à sua Anima sobre a interpretação de símbolos oníricos, tal como um analisando consultando seu analista. O indivíduo também se conscientiza de que a Anima (ou o Animus) tem uma autonomia considerável e de que há probabilidade de que ela influencie, ou mesmo venha a dominar aqueles que a ignoram, ou os que aceitam cegamente suas imagens e projeções, como se fossem suas, tornando-se assim um complexo autônomo.

O quarto estágio do processo de Individuação é a conexão com o Si-mesmo, ou o desbloqueio do eixo “eu”- Si-mesmo. O Si-mesmo torna-se o novo ponto central da psique, trazendo unidade à psique e integrando o material consciente e o inconsciente. O “eu” é ainda o centro da consciência, mas não é mais visto como o núcleo de toda a personalidade. Seu papel passa a ser servir ao Si-mesmo, para que Este se realize, e a meta de nossa vida se concretize, isto é, a descoberta de nossa essência, do que nos torna únicos.

É necessário ter em mente que, embora seja possível descrever a Individuação pedagogicamente em termos de estágios, se trata de um processo da vida inteira e é bem mais complexo do que a simples progressão aqui delineada. Todos os passos mencionados sobrepõem-se, e as pessoas voltam continuamente a problemas e temas antigos (espera-se que de uma perspectiva diferente), razão pela qual Jung afirmou que a psique funciona em espiral, ou seja, um indivíduo confronta-se muitas vezes com as mesmas questões,mas em diferentes graus de evolução e de desenvolvimento.

Jung e o Sandplay

Em seu livro “Memórias Sonhos e Reflexões” (1961), no capítulo intitulado “Confronto com o Inconsciente”, Jung fala de um período de desorientação e incerteza interior, vivido após sua ruptura com Freud, em 1912, quando tinha 38 anos. Sua produção onírica desse período impressionava-o muito, mas não o ajudava a superar o sentimento de perplexidade que dele se apoderara, fazendo-o viver sob o domínio de uma pressão interna intensa, que pensou tratar-se de perturbação psíquica. Por duas vezes, Jung passou em revista toda a sua vida, em todos os pormenores, detendo-se especialmente em suas lembranças da infância, pensando encontrar alguma coisa que pudesse ser a causa de uma possível perturbação. Ao lermos esta passagem de suas memórias é impossível não fazer uma associação com o Sandplay:

“Mas esta introspecção foi infrutífera e tive que confessar a mim mesmo minha ignorância. Pensei então: “ignoro tudo a tal ponto que simplesmente farei o que me ocorrer”. Abandonei-me assim, conscientemente, ao impulso do inconsciente.

A primeira coisa que se produziu foi o aparecimento de uma lembrança da infância, talvez dos meus dez ou doze anos. Nessa época eu me entregara apaixonadamente a brinquedos de construção. Lembrei-me com clareza de que edificara casinhas e castelos, com portais e abóbadas, usando garrafas como suportes. Um pouco mais tarde, utilizei pedras naturais e terra argilosa como argamassa. Durante longos anos essas construções me haviam fascinado. Para minha surpresa, essa lembrança emergiu acompanhada de certa emoção.

“Ah, ah! Disse a mim mesmo, aqui há vida! O garoto anda por perto e possui uma vida criativa que me falta. Mas como chegar a ela?”

Parecia-me impossível que o homem adulto transpusesse a distância entre o presente e meu décimo primeiro ano de vida. Se eu quisesse, entretanto, restabelecer o contato com essa época de minha vida, só me restava voltar a ela acolhendo outra vez a criança que então se entregava aos brinquedos infantis.

Esse momento marcou um ponto crucial no meu destino. Só me abandonei a tais brincadeiras depois de repulsões infinitas, com um sentimento de extrema resignação e experimentando a dolorosa humilhação de não poder fazer outra coisa senão brincar. Pus-me, então, a colecionar pedras, trazendo-as da beira do lago ou de dentro d’água; depois comecei a construir casinhas, um castelo, uma cidade.

Nesta época, porém, faltava a igreja; comecei então uma construção quadrada… Ora, uma igreja comporta também um altar. Mas algo em mim relutava em edificá-lo.

Preocupado em saber como resolveria este problema, passeava um dia, como de costume, ao longo do lago e recolhia pedras por entre o cascalho da margem. De repente, deparei com uma pedra vermelha, uma espécie de pirâmide de quatro lados, de uns quatro centímetros de altura… Assim que a vi, soube que encontrara meu altar! Coloquei-a no meio sob a cúpula, e enquanto fazia isto me lembrei do falo subterrâneo do meu sonho de infância. Esta conexão despertou em mim um sentimento de satisfação.

Todos os dias depois do almoço, se o tempo permitia, eu me entregava ao brinquedo da construção. Mal terminada a refeição, “brincava” até o momento em que os doentes começavam a chegar; à tarde, se meu trabalho tivesse terminado a tempo, voltava às construções. Com isso meus pensamentos se tornavam claros e conseguia apreender de modo mais preciso fantasias das quais até então tivera apenas um vago pressentimento.

Naturalmente, eu cogitava acerca da significação de meus jogos e perguntava a mim mesmo: “Para falar a verdade, o que fazes? Constróis uma pequena colônia, e o fazes como se fosse um rito.”

Eu não sabia o que responder, mas tinha a íntima certeza de trilhar o caminho que levava ao meu mito. A construção representava apenas o início. Ela desencadeava toda uma sequência de fantasmas que mais tarde anotei meticulosamente.

Situações deste tipo repetiram-se em minha vida. Sempre que me sentia bloqueado, em períodos posteriores, eu pintava ou esculpia uma pedra: tratava-se sempre de um “rite d’entrée” que trazia pensamentos e trabalhos.”Jung C.G., Memórias, Sonhos, Reflexões, pág. 154 e 155.

AUTORES PÓS-JUNGUIANOS

Em seu livro “Jung e os Pós-Junguianos”, o escritor Andrew Samuels nomeia desta forma os autores que continuaram amadurecendo as ideias de Jung e descreve três escolas seguidoras de Jung, com o fim de tentar organizar o panorama Junguiano: a Clássica, a Arquetípica e a de Desenvolvimento. Esta classificação surgiu em função do destaque que cada uma dessas escolas dá aos aspectos clínicos e teóricos baseados na Psicologia Analítica.

A escola desenvolvimentista aplica as idéias da Psicologia Analítica à infância, sobre a qual Jung escreveu pouco. O alemão Eric Neumann (1905 – 1960) e o inglês Michael Fordham (1905 – 1995) destacam-se como seus principais autores.

Em sua obra “História da Origem da Consciência” Neumann afirma que a filogênese repete a ontogênese. Já em “A criança”, descreve as etapas do desenvolvimento do bebê.

Fordham, amigo do psicanalista Winnicott (1896 – 1971), fez muitas ligações entre a Psicologia Junguiana e a Psicanálise, criando vários conceitos como resultado de seu trabalho clínico com crianças. Dele, existe somente o livro “A Criança Como Indivíduo” traduzido para o português.

Marie Louise Von Franz

foto de Marie Louise Von Franz retirada do livro “Jung uma biografia” volume 2

Toni Wolff

Foto de Toni Wolff retirada do livro “Jung uma biografia” volume 1

A escola Clássica tem como sua representante Marie Louise Von Franz (1915 – 1998), uma mulher muito inteligente, com excelente memória e cultura, que conheceu Jung aos 18 anos, vindo a tornar-se sua pesquisadora e interlocutora, tomando o lugar até então ocupado por Tony Wolff. Sua eloquente veia para se expressar em público rendeu-lhe inúmeros livros, originados de seminários que apresentava no Instituto Jung de Zurique. Traçou muitos paralelos entre os conceitos Junguianos e os contos de fadas assim como mitos de diversas culturas e países. Muitos de seus escritos já foram traduzidos para o português.

Edward Edinger - Foto retirada do Site : http://www.innercitybooks.net

Edward Edinger

Outro pós-Junguiano pertencente à escola Clássica é Edward Edinger (1922 – 1998), psiquiatra americano bastante didático em seus livros. Escreveu “Anatomia da Psique”, no qual trata de maneira clara e de fácil compreensão conceitos sobre alquimia.

James Hillman

James Hillman foto Renata Whitaker em 2008 Pittsburgh EUA

James Hillman é o maior representante da escola Arquetípica. Cidadão americano, estudou em Zurique. Uma das principais características do seu pensamento é a ênfase no politeísmo da psique. Para Hillman, muitas verdades coexistem e convivem na alma humana, e o ser humano vive para “fazer alma”, a qual nele adquire um sentido psicológico e se revela na capacidade humana de imaginar, expressa por meio de sonhos, fantasias, arte e poesia. Assim, ele utiliza e propõe o uso de imagens, sonhos, mitos e metáforas para “fazermos alma”, ou seja, trabalharmos a psique.

Outro de seus conceitos atribui uma alma ao mundo e às cidades, por ele denominada anima mundi, a alma do mundo, do coletivo, com a qual todos precisamos estar em harmonia para alcançarmos o equilíbrio psíquico.

Hillman é bastante poético e profundo em seus livros e textos e há vários títulos traduzidos para o português.

Outro autor da escola Arquetípica é o alemão Wolfgang Giegerich. Retoma Hegel em seus escritos, afirmando que a alma é vida lógica, pensamento. Segundo suas afirmações, existe um pensar em qualquer evento que possa acontecer e este pensar não pode surgir em sua forma pura, portanto ele se oculta nos impulsos, nas reações emocionais impetuosas, nas imagens, revelando-os, e isto é a alma, é coração.

Giegerich não possui qualquer livro traduzido para o português até o momento.

PRECURSORES DA PSICOLOGIA ANALÍTICA NO BRASIL:

Nise da Silveira

foto retirada do Site: www.pepsic.bvsalud.org

Nise da Silveira (1905 – 1999) alagoana, médica psiquiatra, após ser presa pela ditadura do estado Novo assumiu o setor de terapia ocupacional do Hospital Pedro II, no Engenho de Dentro, Rio de Janeiro.

Foi aluna e seguidora de Jung, e a criadora do museu de Imagens do Inconsciente, da casa das Palmeiras (hospital psiquiátrico), onde defendeu uma abordagem mais humana e a utilização da arte no tratamento de pacientes psicóticos, pois acreditava que as atividades de pintura e modelagem constituem-se numa forma de expressão dos conteúdos do inconsciente, permitindo que o processo psicótico se torne visível em seu desdobramento.

Notando que os pacientes do hospital criavam muitas imagens circulares, algumas irregulares e outras bastante harmoniosas, começou a colecionar mandalas de diferentes autores, constituindo assim parte do acervo do Museu das Imagens do Inconsciente. Tendo inúmeras dúvidas de natureza teórica, Nise escreveu a Jung, enviando-lhe algumas fotografias de mandalas feitas por pacientes.

Sua primeira carta foi escrita em 12 de novembro de 1954 e obteve resposta da Sra Aniela Jaffé, secretária e colaboradora de Jung, em 15 de dezembro do mesmo ano. Nela, Jung observava que “os desenhos têm uma regularidade notável, rara na produção dos esquizofrênicos, o que demonstra forte tendência do inconsciente para formar uma compensação à situação de caos do consciente”. Ele também notou a prevalência de diversos números.

Jung visitou a exposição das mandalas

Jung visitou a exposição das mandalas feitas pelos pacientes da Dra. Nise ( Suiça – 1957).

Interessado, Jung pediu permissão para manter as mandalas em seu poder.

Em abril de 1957, Nise deslocou-se a Zurique para estudar no Instituto C. G. Jung, levando consigo pinturas e esculturas de vários autores para apresentá-las em uma exposição de produções plásticas de esquizofrênicos, que se realizaria por ocasião do II Congresso Internacional de Psiquiatria. A exposição foi aberta por Jung, na manhã de 2 de setembro, e incluiu comentários e interpretações sobre as mandalas criadas por pacientes brasileiros.

Foto tirada por Mavignier mostra Jung apontando, com o indicador, o centro de uma mandala. SILVEIRA, p.53 (1981).

Nise da Silveira ao lado de Jung

Nise da Silveira ao lado de Jung, na exposição das mandalas na Suíça – Zurique. Foto retirada do site: http://www.fonte.org.br/documentos/arnaldo.pdf

Este é um gesto que, por assim dizer, resume a psicologia Junguiana: apontar para o centro, o Self, simbolizado pela mandala: “O Self é o princípio e arquétipo da orientação e do sentido: nisso reside sua função curativa” ( SILVEIRA, N.; 1981, p.52,53)

Pethö Sándor (1916 – 1992), médico húngaro, veio para o Brasil em 1949, onde desenvolveu um trabalho corporal embasado teoricamente no pensamento Junguiano. Foi professor da PUC São Paulo na década de 1970 e conduziu muitos alunos ao estudo da obra de Jung.

Para saber mais sobre Sándor, acessar o link Cinesiologia.

Pethö Sándor

Pethö Sándor - Imagem retirada do Site: www.calatonia.net

Sandor plantando uma árvore

Sandor plantando uma árvore. Imagem do Site http://www.fonte.org.br/documentos/arnaldo.pdf

Léon Bonaventure

Léon Bonaventure

Léon Bonaventure. Foto retirada do Site: http://www.fonte.org.br/documentos/arnaldo.pdf

Léon Bonaventure, belga, doutor em Psicologia, membro da Sociedade Internacional de Psicologia Analítica, formado pela École Pratique des Hautes Études, Paris, e pelo Instituto de Filosofia e Psicologia de Louvein, onde esteve no final dos anos cinquenta. Pouco depois esteve em Zurique, no Instituto C.G.Jung, indo em seguida para a França fazer seu doutorado na Sorbone (Paula, Alves e Furletti, 2002, p.4; Kirsh, 2000, p. 195). Lá conheceu Jette Ronning, dinamarquesa cujos pais moravam no Brasil, onde tinham uma empresa farmacêutica.

Jette já havia passado pela PUC-SP quando veio para o Brasil, em 1964, cuidar da cadeira de Psicologia do Desenvolvimento a convite de Enzo Azzi, diretor do Instituto de Psicologia da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de São Bento – PUC/SP. Era formada em Filologia Românica pela Universidade de Copenhague e em Psicologia pela Sorbone, onde estudou com Piaget.

Casou-se com Bonaventure, vindo ambos para o Brasil em 1967. Durante o tempo de escala no Rio de Janeiro, Léon conheceu pessoalmente Nise da Silveira.

Iniciou sua carreira profissional como analista junguiano em São Paulo, dando palestras no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e na PUC – SP. Contribuiu significativamente para a divulgação da Psicologia Analítica em seu novo país, sendo responsável pelo lançamento do terceiro livro de Jung traduzido para o português, Fundamentos da Psicologia Analítica em 1972.

Essa publicação daria início à tradução, no Brasil, dos dezoito volumes das Obras Completas de C.G.Jung, pela Editora Vozes, sob responsabilidade da comissão formada por Bonaventure, Leonardo Boff, Dora Mariana Ribeiro, Ferreira da Silva e Jette Bonaventure.

Em 1975, Léon coordenou a organização das comemorações do centenário do nascimento de Jung, em São Paulo, patrocinado, entre outros, pelo Consulado Geral da Suíça em São Paulo. Esse evento representou um marco importante para a Psicologia Analítica no Brasil, pois congregou publicamente, pela primeira vez em um evento, diversos brasileiros que vinham se dedicando aos estudos da obra de Jung (MOTTA, 2005).

Entrevista publicada no Jornal Sonhos nº 18, cujo arquivo eletrônico foi gentilmente cedido pelo editor Fernando Rocha Nobre. Traduzido por Araceli Elman, com prefácio e introdução de Léon Bonaventure, publicado pela Editora Vozes.

SOCIEDADES DE PSICOLOGIA ANALÍTICA:

Hoje existem duas sociedades ligadas à Sociedade Internacional de Psicologia Analítica (IAAP): A Sociedade Brasileira de Psicologia Analítica (SBPA) e a Associação Junguiana do Brasil (AJB), além de diversos institutos a elas filiados fundados em vários estados brasileiros, portanto seguidores de todas as normas pedagógicas da IAAP.

Bibliografia:

  • CHOPRA, D.; FORD, D.; WILLIAMSON, M.; O efeito sombra, Texto Editores Ltda, São Paulo – SP; 2010.
  • JUNG, C. G., Memórias, sonhos e reflexões, Editora Nova Fronteira, RJ 1975.
  • PIERI, P.F.P., Dicionário Junguiano, Ed. Paulus em co-edição Ed. Vozes, SP/RJ; 2002.
  • EVANS, R. , Entrevistas com Jung e as reações de Ernest Jones, Ed. Eldorado, RJ, 1964.
  • BAIR, D.; Jung uma biografia, Volume 1 e 2 ; Ed. Globo, São Paulo – SP, 2006.
  • CAVALCANTI, T. R. de C., Folha explica Jung, PubliFolha, SP, 2009.
  • NEUMANN, E. ; A Criança; Cultrix, SP, 1991.
  • NEUMANN, E.; História da Origem da Consciência, Cultrix, SP, 1995
  • SAMUELS, A.; Jung e os Pós Junguianos; Imago, RJ, 1989.
  • FORDHAM, M. ; A Criança como Indivíduo, Cultrix, SP, 2001.
  • EDINGER, E. F. ; Anatomia da Psique, o Simbolismo Alquímico na Psicoterapia; Cultrix, SP, 1990.
  • HILLMAN, J. ; Psicologia Arquetípica; Cultrix, SP; 1992.
  • VON FRANZ, M. L.; Jung, Seu Mito em Nossa Época, Cultrix, SP, 1992.
  • www.rubedo.psc.br | Entrevistas | © Wolfgang Giegerich acessado no dia 22/07/2010 – Entrevista com Wolfgang Giegerich A pessoa empírica não é o sujeito do processo de individuação.
    SILVEIRA, N. ; Imagens do Inconsciente. Ed. Alhambra, 1981.
  • http://www.fonte.org.br/documentos/arnaldo.pdf acessado em 22/07/2010 -MOTTA, A. A. ; Psicologia Analítica no Brasil: Contribuições para a sua história; Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Social
  • Núcleo de História da Psicologia PUC/SP São Paulo 2005.
  • www.calatonia.net acessado em 06/09/2010
  • http://www.innercitybooks.net/edinger.html acessado em 06/09/10
  • www.pepsic.bvsalud.org acessado em 07/09/10
  • Carl Gustav Jung- entrevista pessoal – entrevista com Jung na década de 50.
    http://www.youtube.com/v/QzG66TqEKtc
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