Psicoterapia infantil e Sandplay – Jogo de Areia

O SandplayJogo de Areia é uma metodologia que tem como recurso o brincar, tão importante para toda a vida de um indivíduo.

A principal emoção curativa do Sandplay é a alegria que surge em decorrência da possibilidade de brincar.

As brincadeiras das crianças têm inúmeras funções:

  • Completar o desenvolvimento neuro-motor;
  • Proporcionar o conhecimento do corpo;
  • A elaboração do tempo através do ritmo;
  • A elaboração de conteúdos afetivos, emocionais e históricos;
  • O desenvolvimento da segurança afetiva, por meio de brincadeiras de monstros, heróis, reis, príncipes, em que os heróis enfrentam os monstros até a morte, conquistam a vida e integram os opostos, o que é importante para a segurança afetiva;
  • O desenvolvimento cognitivo;
  • Fomentar o relacionamento social e o conhecimento do mundo.

As brincadeiras são importantes elementos simbólicos e constituem uma das atividades iniciais do “eu”.

Como o Sandplay é uma atividade que proporciona a oportunidade de brincar, ao fazê-lo, a criança desenvolve o humor, a imaginação, a curiosidade, a espontaneidade, a invenção; imita, conta, vive ou revive histórias, estabelece relações de tempo e espaço e é a protagonista da sua história e cúmplice do enredo do sonho de sua alma. A psicoterapia que utiliza o Sandplay propicia esse brincar simbólico.

O adulto que não brinca esqueceu como fazê-lo, não se autoriza a tal e acaba adoecendo. É necessário reconciliar-se com sua infância, pois este é o caminho de cura não só para a criança, mas também para a criança escondida no adulto, a qual lhe traz alegria, potencial criativo e espontaneidade.

Assim como os sonhos revelam o inconsciente, o nível profundo do ser, muitos conteúdos ocultos são revelados através dos cenários da caixa de areia e das brincadeiras infantis. Cabe ao analista acolhê-los, sem tentar explicar, justificar, julgar ou interpretar as brincadeiras, mas tornando-se cúmplice da criança, tirando-a do isolamento e fazendo-a relacionar-se com o outro. Para tal, precisa lançar mão de muita concentração, estar presente na brincadeira da criança e seguir-lhe cada passo, ao seu lado, aventurando-se a encontrar os mistérios únicos que os gestos e o brincar revelam.

Os cenários construídos na caixa de areia, assim como os desenhos, pinturas, escultura, expressões corporais, danças, histórias, poemas, brincadeiras, ou seja, tudo que é espontâneo, prazeroso e artístico, fomentam a percepção de imagens, tendo, portanto, efeito acumulativo no cérebro, abrindo caminhos e aumentando o número de sinapses neurológicas, o que consequentemente gerará ampliação de consciência.

O analista que atende crianças precisa ajudá-las a estruturar seu “eu” para que ele mantenha o contato com o Si-mesmo, para que este canal não fique obstruído, gerando sintomas nocivos. Fazemos isso utilizando a linguagem do Si-mesmo, a linguagem das imagens, tendo como nosso aliado o Sandplay, um excelente instrumento para tal fim.

A criança é fundamentalmente imagética, principalmente a que ainda não passou pelo processo de educação cognitiva, mantendo a familiaridade com o universo pictórico. Ela é essencialmente curiosa, e a curiosidade, a novidade, é o que motiva o cérebro a fazer novas conexões e a fortalecer as já existentes. O Sandplay, com a quantidade de miniaturas disponíveis e as possibilidades que a areia fornece, possibilita o desenvolvimento cerebral.

Em cenários do Sandplay, vemos concretizarem-se imagens desses períodos bastante primitivos da infância que, se não forem desbloqueados, causam sintomas, como adoecimento e bloqueios psíquicos.

O trabalho na caixa de areia facilita esta regressão. Ele permite que inúmeras expressões de imagens arquetípicas surjam nos cenários infantis, espontaneamente, sem esforço, como uma pulsão integrativa.

A psicoterapia infantil e o olhar observador e acolhedor do terapeuta sobre os cenários de caixa de areia oferecem às crianças a possibilidade de viver experiências relacionais significativas e de saberem verdadeiramente quem são, pois na experiência relacional o indivíduo encontra seu “eu”, sua identidade. Através dessa metodologia a criança também aprende limites necessários para um convívio social saudável, tais como: cuidar das miniaturas e dos materiais para não quebrá-los; não derrubar areia para fora da caixa; o respeito ao ambiente e ao outro. Para além do desenvolvimento emocional, esta metodologia também contribui para a expansão da criatividade, da autonomia, através da escolha da miniatura que irá ser usada, a qual a criança pega tomando cuidado para não derrubar outras, fator que promove igualmente o desenvolvimento da coordenação motora fina e da organização espacial. Administrar tudo isso em um limitado espaço de tempo amplia a consciência temporal.

No Sandplay, a fantasia liberta a criança da realidade concreta dos sentidos, quando estes se tornam insuportáveis, pondo em risco o equilíbrio psíquico. Assim, se a criança não aceitar a explicação correta, não significa que ela a ignora, mas apenas que a nega, para assim poder abstrair e desenvolver a liberdade de elaborar sua visão de mundo própria.

Conforme a consciência do indivíduo vai se desenvolvendo desde a infância, o “eu”, ao se estruturar saudavelmente, amplia o quadro de referências da pessoa, integrando-se a sua personalidade.

No Sandplay, tanto a psique do paciente como a do terapeuta se unem em um contexto imagético, portanto simbólico e pré-verbal, recriando a relação primal com a mãe. Os cenários montados na caixa de areia permitem ao analisando regredir a estágios primitivos de sua psique e voltar a reconstruir o desenvolvimento psíquico.

É importante que o terapeuta do Sandplay seja acolhedor e transmita confiança para a criança e que conheça as etapas do desenvolvimento psíquico e egoico do ser humano, e saiba observá-las nos cenários, para assim compreender melhor o nível de consciência em que a psique do paciente se encontra naquele momento e poder lhe oferecer um espaço “livre e protegido”, que lhe proporcione a gradual expressão e ampliação de consciência, caminhos para a formação de uma psique saudável.

Se houver interesse em obter mais informações a este respeito, acesse o link artigos e leia o artigo “Psicoterapia Infantil e Sandplay”

Ir para o topo