Psicoterapia

Segundo a definição do Conselho Federal de Psicologia, que consta no Código de Ética, artigo 1º: “A Psicoterapia é prática do psicólogo por se constituir, técnica e conceitualmente, um processo científico de compreensão, análise e intervenção que se realiza através da aplicação sistematizada e controlada de métodos e técnicas psicológicas reconhecidos pela ciência, pela prática e pela ética profissional, promovendo a saúde mental e propiciando condições para o enfrentamento de conflitos e/ou transtornos psíquicos de indivíduos ou grupos.”(Resolução CFP N.º 010/00)

Há diversas teorias psicológicas que propõem suas condutas e procedimentos, todas com o intuito de ajudar o ser humano a se conhecer, se perceber e se gerenciar, a ser mais feliz, saudável, a conviver melhor em seu meio cultural e social. Destas, citarei algumas linhas psicoterapêuticas: Comportamental, Lacaniana, Psicodrama, Rogeriana, Gestalt, Psicanálise, Winnicottiana e a Psicoterapia Analítica, ou Junguiana.
Como sou Analista Junguiana e, portanto, me aprofundei mais nesta área, focalizarei o conceito de Psicoterapia dentro desta linha teórica.

A Psicoterapia Analítica consiste no encontro de duas pessoas, analista e analisando, para uma exploração intensa e profunda do inconsciente, da vida, de desejos não realizados, de sonhos, reflexões, memórias, fantasias, relacionamentos, conflitos internos e externos, crises, bem como de patologias.

É um trabalho interior, cujo objetivo é conduzir o analisando ao auto-conhecimento, preencher as lacunas abertas da sua história, estabelecer relações e dar sentido e significado ao sofrimento pelo qual passa ou passou, para que se sinta mais integrado, verdadeiro, enriquecido, melhore suas relações e se torne mais criativo, solto, expressivo e saudável.

Ela foi criada por Carl Gustav Jung, partindo da premissa que todo ser humano tende a realizar o que em si existe em essência, a crescer, a completar-se e a desenvolver o seu potencial e habilidades.

O homem é capaz de tomar consciência desse desenvolvimento e de conduzi-lo ao amadurecimento, através do confronto e da colaboração entre o inconsciente e o consciente.

O inconsciente é composto por aspectos pessoais (história de vida) e coletivos (hereditários, culturais, religiosos e raciais), os quais influenciam os processos conscientes, podendo provocar distúrbios de natureza psíquica e somática (corporal).

A terapia Junguiana realiza-se por meio de encontros frequentes (sessões) entre terapeuta e analisando, no consultório daquele, agendados conforme a necessidade do paciente, em geral uma vez por semana. Cada sessão dura de 50 minutos à uma hora.

Nesse espaço terapêutico, o analisando pode expressar-se livremente, de acordo com suas necessidades, tendo garantido o sigilo do analista.

O tratamento acontece através da comunicação verbal, ou através de metodologias projetivas embasadas na Psicologia Junguiana, como Sandplay, imaginação Ativa, e também através do uso de recursos expressivos, como desenhos, pinturas, esculturas, e técnicas corporais, tais como ralaxamento, toques sutis e cinesiologia (Integração Físiopsiquica). A escolha dos métodos e técnicas a serem empregados depende da necessidade de cada paciente, e pode ser feita pelo analisando ou proposta pelo analista, porém sempre respeitando a vontade do paciente.

O analista, um psicólogo ou psiquiatra, senta-se em frente ao seu paciente, enquanto este compartilha sua história passada e atual, suas fantasias, seus sonhos. Conforme a narrativa vai acontecendo, aspectos escondidos da história vão sendo resgatados, preenchidos e integrados, num esboço que gradativamente se aproxima da clareza, promovendo a evolução rumo ao autoconhecimento e a ampliação do quadro de referências do paciente.

O analista é testemunha deste processo e acompanha a vida de seu analisando, iluminando-lhe o caminho, abrindo-lhe atalhos, compartilhando e confiando seus sentimentos, sensações e intuições durante todo o percurso.

O paciente também tem uma participação ativa nesse processo, enfrentando suas dificuldades, aceitando e reconhecendo o que antes era inconsciente ou negado e desenvolvendo a dose suficiente de energia moral para aplicar o que aprendeu e percebeu em sua vida, e assim conquistar a verdadeira transformação.

O tempo de duração da terapia não pode ser determinado previamente, pois depende da motivação do paciente, de sua capacidade para transformar os sintomas que o trouxeram para a análise. Sua conclusão é determinada pela percepção de que o analisando está bastante consciente de suas questões, já atingiu um grau de maturidade psíquica suficiente para “andar sozinho”.

O trabalho de reconstituição da história do paciente dá-se conjuntamente e é como a construção de um jardim: no início parece não ter linhas que delimitam o relevo, ou fronteiras, mas aos poucos seu solo vai sendo fertilizado, as pragas retiradas, as plantas colocadas no lugar certo e, à medida que ambos, analista e analisando, vão se afinando e estabelecendo ressonância, mais bonito este jardim vai ficando, com cores, padrões, texturas, aromas e vida, tornando-se cada vez mais aconchegante e único.

“Todo jardim começa com uma história de amor, antes que qualquer árvore seja plantada ou um lago construído é preciso que eles tenham nascido dentro da alma. Quem não planta jardim por dentro, não planta jardins por fora e nem  passeia por eles.” Rubem Alves

Apresento os conceitos fundamentais da psicologia analítica de maneira resumida, ilustrados com cenários do Sandplay no link Psicologia Analítica e Sandplay.

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